Golfinhos fazem uma balsa com seus corpos para salvar uma fêmea de se afogar

sábado, 2 de fevereiro de 2013

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AVISO: o vídeo contém os últimos momentos da vida de um golfinho. Não assista se você for sensível a este tipo de evento.
Os golfinhos parecem bastante inteligentes, e alguns comportamentos parecem desafiar as explicações que conhecemos para o comportamento deles.
É sabido, por exemplo, que muitas pessoas em vias de se afogar foram salvas por empurrões destes mamíferos marinhos, e já havia sido documentado o comportamento de mães-golfinho, ajudando filhotes recém nascidos a atingir a superfície.

Tentativa de salvamento?

Em 2008, uma equipe de pesquisadores coreanos estava estudando um grupo de golfinhos de bico comprido quando perceberam 12 animais separados de um grupo maior de centenas de golfinhos.
Ao se aproximar, os cientistas notaram que havia uma fêmea com ferimentos na barriga e com todo jeito de ter as nadadeiras paralisadas, uma condição que representa risco à vida do golfinho. Ela batia a cauda, com o corpo sempre virando de lado, deixando o abdômen à vista.
Tentando impedir o afogamento da fêmea, o grupo de golfinhos se revezava para apoiá-la de baixo, dando empurrõezinhos e corrigindo seu equilíbrio. 30 minutos depois disso, tiveram que apelar a medidas mais desesperadas, e formaram um tipo de balsa unindo seus corpos lado a lado embaixo da fêmea ferida.
Ao mesmo tempo que se revezavam para fazer a balsa, também usavam seus bicos para manter a cabeça do golfinho moribundo acima da água.
Infelizmente, a tentativa de resgate não deu certo; a fêmea acabou morrendo e seu corpo ficou flutuando verticalmente na água. Vários golfinhos continuaram interagindo com o cadáver, esfregando-o, tocando-o, nadando por baixo dele e até mesmo assoprando bolhas nele. Quando o corpo afundou, eles voltaram ao grande grupo.

Compaixão e empatia? Talvez não, talvez sim

Conforme aponta Michael Marshall, do New Scientist, o que os golfinhos fizeram não implica necessariamente que eles são generosos ou têm empatia pela dor do seu semelhante. A bióloga Karen McComb sugere que o simples ato de trabalhar juntos pode ser uma tentativa de unir mais o grupo, ou mesmo apenas mantê-lo unido, com o objetivo de controlar melhor seu território.
Faz sentido, neste ponto de vista, que os animais simplesmente não queriam perder um indivíduo que dá força ao grupo. Porém, ainda não dá para descartar a possibilidade de que os golfinhos tenham empatia verdadeira, e estivessem agindo a partir de um sentimento de compaixão.
Os cetáceos são uma das poucas espécies, junto com os humanos, que possuem neurônios espelho, um atributo cognitivo que dá ao animal a capacidade de formar uma concepção mental de outro indivíduo, um pré-requisito biológico para a compaixão.
Além disso, existem estudos genéticos mostrando que os golfinhos têm um cérebro notavelmente semelhante ao humano nas suas capacidades.
De qualquer forma, são precisas mais pesquisas para provar que os golfinhos são capazes de empatia. Se suas ações são um indicativo, pode ser um erro de nossa parte não chegar a uma conclusão positiva sobre o assunto. [io9, Wiley, BBC Nature, New Scientist]

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