Tornou-se uma situação corriqueira: Você tem uma dor de cabeça e depois de pesquisar no Google, descobre que pode ser um sintoma de tumor cerebral.
Se você correr para o pronto-socorro com a suspeita de que tem um tumor ou alguma outra coisa muito séria, as chances são grandes de você estar sendo paranóico. Às vezes, porém, não se trata de paranoia, mas sim da triste realidade.
Foi o que aconteceu com Debbie Tonich quando a cefaleia de seu filho John, diagnosticada inicialmente como desidratação ou gripe forte, era na verdade um tumor maligno no cérebro. Neste caso, a paranoia – conhecido também por “intuição de mãe” – valeu a pena. “Acho que salvei sua vida”, resume Debbie.
Um domingo de fevereiro, logo após uma competição de luta, John Tonich, 16 anos, estudante do segundo ano do ensino médio, começou a ter picos de dor de cabeça aguda.
“Eles duravam apenas dez segundos, mas eu precisava me sentar ou me apoiar em alguma coisa de tão forte que eram”, lembra John. “Eu tinha três ou quatro deles por dia.”
No início, seus pais pensaram que era apenas um efeito das várias quedas que ele havia sofrido mais cedo naquele dia durante as lutas. Dois dias depois, tendo em vista que a dor de cabeça não ia embora, eles levaram John para ver a médica da família em Parma Heights, Ohio. Ela diagnosticou desidratação, o que fazia sentido para a família uma vez que John estava bebendo menos líquido para poder se encaixar em uma categoria de luta mais leve. Ela coletou um pouco de sangue de John e lhe disse para beber Gatorade.
Mais dois dias se passaram e as dores de cabeça desapareceram, mas John estava se sentindo enjoado. Debbie levou-o novamente no médico e perguntou se não seria uma concussão (machucado na cabeça devido a um forte impacto). John questionou sobre aneurisma. Entretando, outra vez, a médica descartou problemas mais graves e lhes disse que era provavelmente alguma virose que ataca o estômago.
“Quando estávamos indo embora, ela nos entregou uma requisição para uma tomografia computadorizada e falou: ‘Só por precaução’”, conta Debbie.
“O pior tumor possível no pior lugar possível”
A requisição nunca precisou ser usada.
No dia seguinte à segunda visita à médica, John avisou sua mãe que se sentia tonto. Ela o apanhou e foram direto para a sala de emergência.
“O médico chegou e disse que John tinha o pior tipo possível de câncer no pior lugar possível, e que ele teria um ano para viver, no máximo dois”, lembra seu pai, Joe. “Chegamos pensando que ele tinha uma pequena contusão e saímos de lá com uma sentença de morte”.
John foi imediatamente transferido para um hostipal melhor equipado, a Clínica de Cleveland, onde se descobriu que a situação não era tão terrível quanto o médico do pronto-socorro pensava. Ele tinha um meduloblastoma, tumor diagnosticado em apenas mil pessoas em todo Estados Unidos a cada ano, de acordo com a Associação Americana de Tumor Cerebral.
Cerca de 50% a 60% das crianças com o mesmo tipo de meduloblastoma de John ainda estão vivas cinco anos após o diagnóstico. No caso de John, foi possível remover o tumor inteiro por meio de uma cirurgia. Agora ele faz tratamento com radioterapia e quimioterapia.
A família não culpa a médica por não descobrir o tumor no cérebro de John antes, já que dores de cabeça podem significar muitas coisas diferentes. Porém, Debbie alerta que quando você desconfia que há algo de errado, o melhor é persistir, mesmo que o primeiro diagnóstico que receber diga que não há problema algum. “Se algo não lhe parece bem, procure outras opiniões, outros exames. Não deixe para lá”, aconselha.
Naturalmente, a história de John é bastante incomum, já que a grande maioria das pessoas que têm dores de cabeça não possuem tumores cerebrais.
“Em mais de 99% das vezes, dor de cabeça não é câncer,” diz Gene Barnett, diretor do tumor cerebral Centro de Neuro-Oncologia e Tumor Cerebral da Clínica de Cleveland, Estados Unidos. “A maioria dos casos são apenas dor de cabeça de estresse, enxaqueca, sinusite ou algo mais benigno”.
Para cada 4 mil crianças que têm dores de cabeça, apenas uma tem tumor no cérebro, segundo o Santiago Medina, co-diretor do Departamento de Radiologia da Divisão de Neurorradiologia no Hospital Infantil de Miami.
Não há maneira simples de saber se a sua dor de cabeça é um tumor cerebral, mas os médicos têm algumas dicas de sinais indicativos. Antes de lê-los, porém, é preciso saber que de 50% a 60% de todas as pessoas com tumores cerebrais simplesmente não têm dores de cabeça, afirma Barnett.
Além disso, sua dor de cabeça pode se encaixar em todas as categorias a seguir e, ainda assim, é possível que você não tenha um tumor no cérebro. Por último, você pode não apresentar nenhum desses sinais, e mesmo assim ter câncer.
Sinal 1 – Estas cefaleias são uma novidade para você
Se você não costuma ter dores de cabeça, ou se esse é um tipo diferente de dor de cabeça do que você normalmente tem, é um sinal de alerta, diz Medina.
Sinal 2 – Suas dores de cabeça são acompanhadas de outros sintomas
Barnett conta que raramente vê um paciente com tumor cerebral cujo único sintoma é dor de cabeça. Na maioria das vezes, a pessoa também apresenta outros males como náusea, tontura ou vômitos. Às vezes os sinais são ainda mais óbvias como convulsões, dificuldade para falar, fraqueza nos membros ou problemas com a visão periférica.
Sinal 3 – Suas dores de cabeça começam logo quando você acorda
Normalmente, quando alguém tem um tumor no cérebro, as dores de cabeça começam pela manhã, muitas vezes acompanhada de náuseas e vômitos e melhoram no decorrer do dia, diz Barnett.
“Dores de cabeça que aparecem durante o dia e pioram à noite não são tipicamente associados a tumores cerebrais”, acrescenta. “Eles estão mais ligados ao estresse da vida diária”.
Sinal 4 – Suas dores de cabeça pioram ao longo do tempo
Se a sua cabeça pioram ao longo de um período de dias, semanas ou meses, trata-se de outro sinal de alerta, conta Barnett.
Sinal 5 – Algo parece estar errado
Se aquela sua voz interior – ou a voz de sua mãe, como foi o caso de John Tonich – diz que algo está seriamente errado, é melhor ouvi-la.
“Esses sinais são apenas orientações”, lembra Medina. “Há casos em que a mãe olha para o filho e simplesmente sente que não está tudo certo. Mesmo que a primeira opinião médica não concorde com a afirmação, meus anos de experiência me ensinaram que é melhor acreditar nesse ‘sexto-sentido maternal’”, finaliza.
[CNN]
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