Depilações “à brasileira” podem estar colocando os chatos em extinção

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

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Ao ler o título deste artigo, você pode ter pensado: “como assim, a depilação pode colocar os chatos em extinção? Inventaram uma forma mais segura de se depilar, que evita que eles critiquem o procedimento”?
Mas não se trata desse tipo de chatos. Estamos falando de um pequeno inseto parasita chamado de Phthirius Pubis, conhecido no Brasil pela alcunha de “piolho-da-púbis”, ou a mais popular, “chato”.
Devido às condições certas de calor e umidade, às regiões próximas à genitália (tanto a masculina quanto a feminina) são as preferidas deste pequeno inseto, que se esconde em roupas de cama, toalhas e nas dobras das roupas. Mas os dias de infestação do pobre chato parecem contados, porque ele precisa de um ambiente cada vez mais raro nos dias atuais: pelos pubianos.
Um centro de saúde em Sydney, na Austrália, conduziu uma pesquisa que constata uma queda vertiginosa em infestações de chatos nos últimos dez anos. Nenhuma mulher é diagnosticada com este problema desde 2008, e os casos entre homens caíram mais de 80% no período.
A razão para este novo índice é muito clara: a tendência em grande parte das culturas modernas em raspar os pelos da virilha, simplesmente porque está na moda. É um tapa na cara daqueles que defendem que a medicina estética não poderia oferecer um benefício real à saúde pública.

Quase duas décadas de cera e gilete

Nem todo mundo conhece essa história, mas um grupo de brasileiras é que está na vanguarda do movimento de raspagem da virilha. No ano de 1986, uma família de sete irmãs do Espírito Santo – Janea, Jussara, Judicéia, Juracy, Jocely, Joyce e Jonice -, que já trabalhavam com cuidados de beleza no Brasil, decidiram abrir um salão em Nova Iorque.
Nascia o J Sisters, um estabelecimento que ajudou a moldar os padrões de estética nos Estados Unidos, e por conseguinte, na sociedade ocidental. No ano de 1994, elas desenvolveram e popularizaram o método de depilação à cera, tanto na versão biquíni, quanto na de sunga, que tem ganho cada vez mais adeptos no universo masculino.
Do ponto de vista social, é discutível o padrão de beleza que trata como heresias terríveis os pelos que as mulheres conservam em regiões antigamente “permitidas”, como as axilas e a virilha. Muita gente – incluindo as J Sisters – usa esse padrão para lucrar.

Quão boa é essa notícia?

No caso do suposto benefício médico, também há mais de um lado da questão a se considerar. De fato, é positivo que as infestações de chatos tenham diminuído. Mas talvez os riscos não compensem as vantagens. Para começar, o inseto apenas suga sangue e não transmite nenhuma doença – o único grande desconforto é a coceira -, e é facilmente tratável com certos medicamentos (muita gente, inclusive, nem chega a consultar um médico quando os contrai).
Além disso, a depilação à cera nem sempre é totalmente segura. Mesmo quando feita da forma mais limpa e higiênica possível, aumenta a vulnerabilidade das áreas genitais a infecções e DSTs. Alguns doutores são terminantemente contra o procedimento da depilação por conta destes riscos. Mas é claro que não é nada fácil dizer isso à nova geração de homens e mulheres que se acostumaram a andar “pelados” por aí. [Bloomberg / Gazeta Online]

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