No dia 29 de outubro do ano passado, o ex presidente Lula foi diagnosticado com câncer. Mas não foi o único: quatro líderes do continente, ainda em exercício, também lutaram
contra a doença em um passado recente. Um deles, o venezuelano Hugo Chavez, declarou que isso parece “coincidência demais”. Ele especula que os norte-americanos teriam inventado um meio de induzir a doença nos presidentes. Mas será que isso é possível?
Biologicamente falando, a insinuação de Chavez parece infundada, porque não existe uma maneira reconhecida pela medicina para se “induzir” câncer em alguém. Nem mesmo a injeção de células cancerígenas de um organismo externo é capaz de causar a doença em um corpo estranho.
Mas se ainda parece impossível originar um câncer em um inimigo, há várias maneiras de aumentar as chances de contração da doença. A mais discutida seria implantar no corpo, através de um cateter, um dispositivo que emitisse radiação nociva, até induzir a formação de um tumor. Esse método, no entanto, também parece duvidoso, porque uma dose muito alta de radiação seria detectada pelo portador, que iria ao médico e o problema seria revelado na hora.
Pela via alimentar, a “técnica” menos complicada seria incluir clandestinamente altas doses de aflatoxina na dieta dos presidentes, o que aumenta as chances de câncer de fígado, por exemplo. Outra possibilidade seria contaminar a comida com agentes biológicos nocivos como a Helicobacter pylori, uma bactéria que envenena a mucosa do estômago e está associada ao surgimento de alguns tipos de câncer. Mas estas alternativas são consideradas remotas pelos cientistas.
Já houve casos na história em que médicos fizeram, com boas ou más intenções, experiências com indução de células cancerígenas em organismos alheios. Mas todas as técnicas falharam, e a ciência continua sem garantir se isso seria possível. No caso de Chavez, por enquanto, as teorias têm mais embasamento na rivalidade política do que na medicina em si.
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